quinta-feira, agosto 31, 2006













FILHOS-DA-PUTA

Quando paro e penso sobre as minhas amizades, as que eu fiz no passado, e as que eu continuo a fazer agora, não posso deixar de pensar que eu sempre tive simpatia pelos filhos-da-puta, mas nunca tive paciência para os falsos. Não digo que todos os meus amigos eram fdp, acho que provavelmente nem 1/3 deles o eram. Você sabe o que esperar desse tipo de pessoa, não há surpresas, todos os dias da semana, em qualquer situação, um filho-da-puta é um filho-da-puta. A pior espécie, na minha opinião, são aqueles que se fazem de bonzinhos, dão sorrisos e palavras carinhosas, posam de samaritanos, são prestativos, mas apenas para cobrar uma recompensa depois. Olhando de perto, na verdade não passam de uns bons putos.Eu sou tapado para muitas coisa, mas sempre tive um bom radar para pessoas, talvez seja por isso que minha tolerância para os indivíduos de duas caras é baixa. É o que se ganha quando você escuta mais do que fala, e não deixa de observar aquelas pequenas coisas que todos deixam passar.

terça-feira, agosto 29, 2006
















VANDALISMO

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!


Augusto dos Anjos
Mais um poema "irado",como diria a patroa, esse poema caiu na minha prova da UNIRIO, da primeira fase, sorte do caralho, foram os três pontos mais fáceis da prova, três questões sobre Augusto dos Anjos.
Esse é um poema menos sombrio e eu me identifico pra caralho com tudo o que ele escreve. Às vezes precisamos desconstruir a idéia que temos do amor,da vida, ou da pessoa amada, para podermos ser realmente felizes. O tempo de idealizações já passou, e eu acabei descobrindo que a realidade é o que há de melhor. O amor não é algo estático e surreal, congelado em um pedestal de prata. Ele é real, e como tudo o mais na vida, ele precisa de cuidado, e atenção, ou ele se quebra.
Às vezes eu sinto um pouco de saudade da minha inocência, mas eu não conseguiria sobreviver nesse mundo com as noções que eu tinha antigamente, acho que é preciso dar pelo menos um mergulho na decadência para ver as coisas como realmente são."Ignorância é benção" e eu concordo, mas ainda penso que talvez o melhor seja ir sobrevivendo à verdade e aprender a apreciá-la.

segunda-feira, agosto 28, 2006




















ABERRAÇÃO

Na velhice automática e na infância,
(Hoje, ontem, amanhã e em qualquer era)
Minha hibridez é a súmula sincera
Das defectividades da Substância.

Criando na alma a estesia abstrusa da ânsia,
Como Belerofonte com a Quimera
Mato o ideal; cresto o sonho; achato a esfera
E acho odor de cadáver na fragrância!

Chamo-me Aberração. Minha alma é um misto
De anomalias lúgubres. Existo
Como o cancro, a exigir que os sãos enfermem...

Teço a infâmia; urdo o crime; engendro o iodo
E nas mudanças do Universo todo
Deixo inscrita a memória do meu gérmen!

Augusto dos Anjos
Mais foda impossível, quem nunca se sentiu uma aberração, um monstro, capaz de realizar as coisas mais abomináveis? Quem nunca se olhou de frente no espelho e viu algo que incomodava, lá no fundo do olho, uma pequena, ou não tão pequena, manchinha na alma?Quem nunca teve vontade de arrancar essa máscara de carne e expor o que existe de verdade lá dentro? "Quem?" você me pergunta... essa massa amorfa conhecida como "a maioria".

quinta-feira, agosto 24, 2006

CREDO QUIA ABSURDUM
Tradução: "Creio porque é absurdo." Atribuída a Tertuliano

Tenho andado com a cabeça cheia, eu sei que tem muita gente que diz que tem fases, que uma hora quer sair, se divertir, e outra quer ficar em casa sem fazer nada, acho que a maioria das pessoas é assim, e isso é normal, mas quando essas fases duram meses ou semanas, eu não sei se isso é tão normal assim. Mas apesar das preocupações eu sei que eu vou ficar melhor, vou ficar mais animado, a ponto de ficar chato, tem sido assim desde que eu passei da minha fase ruim, em algum momento entre os 18 e 20 anos , mas eu só não sei quando essa melhora irá ocorrer. Hoje jantando com meu pai e meu irmão me lembrei do meu avô, não o conheci até os 6 anos, por vontade de minha mãe, e quando o conheci teve que ser escondido dela...sim, minha família é complicada(Somos um produto do meio), ele era um velhinho legal, meio caladão mas legal,militar, durão. Quando eu soube que ele havia se suicidado acho q fiquei chocado, não lembro bem, a verdade é que meu avô era louco, já era louco antes da II guerra e voltou mais ainda, não deve ter sido surpresa pra quem o conhecia que ele tiraria sua vida. Anos depois eu passei a pensar na conseqüencia disso pras pessoas da minha família, temos um índice muito grande de surtados na adolescência, e eu imagino até que ponto isso chega a mim(Somos o produto dos nossos genes). Eu gosto de acreditar no underdog, acreditar que esforço puro pode vencer meio + genética, eu gosto de acreditar em muitas coisas...

quarta-feira, agosto 23, 2006

NOS FUNDOS DO HOSPÍCIO

- Agora repita depois de mim:"Eu não sou um maníaco psicótico,eu não sou um maníaco psicótico,eu não sou um maníaco psicótico"
- O que?
- Larga essa faca menino!
- AHHHHHHHHHHHHHH!
- Mas eu sou um maníaco psicótico, porra!

terça-feira, agosto 22, 2006

A GRANDE MENTIRA E PORQUE EU ESCOLHO ACREDITAR NELA

Quando somos crianças nos dizem que podemos ser o que quisermos, que a felicidade está a um palmo de distância e que cada um de nós tem todo direito à ela, mas eu sei que isso é uma mentira, das grandes. É difícil pra caralho crescer sem ter com quem contar, é claro que existe a família, mas o que ela sabe sobre você? E quando se é como eu, que cresceu sem ter um pai nem uma mãe sempre perto,vivendo dentro da própria cabeça tendo que passar as férias indo para um hospital psiquiatrico, porque é a única maneira de ficar perto da sua mãe. Ver toda aquela desgraça, aquelas pessoas que foram abandonados por todos, pela família, pela sociedade, por Deus... e pensar "será que eu vou ficar assim"? Quando eu vi as imagens do hospital no filme Estamira eu quase chorei, só de lembrar daquele lugar, acho q as pessoas não tem idéia do que faz com uma criança passar tempo num lugar como aquele...E se você fez aulas de catequese e todo domingo estava lá aprendendo que Deus lhe deu uma alma imortal feita a sua imagem e semelhança e naturalmente boa, boa? Se Deus é tão bom porque aquelas pessoas viviam tão miseráveis no Pedro II, e porque você era tão infeliz, sentado na missa, tentando ser como os outros, mas no fundo no fundo, sabendo que aquilo não passava de uma farsa?Que Deus é esse? Eu lembro vagamente de ser verdadeiramente feliz em algum momento antes dos meus oito anos, eu vejo minhas fotos e sei que ali eu ainda estava inteiro, mas isso foi há muito tempo. Como ser feliz se quando se está crescendo no colégio a única coisa que você aprende é ter ódio dos outros, e que se você esconder o que você sente, ninguém vai rir de você? E quando você está em casa apanhando, sem saber direito porque, você começa a aprender a odiar as pessoas que você devia amar? E quando a adolescência chegou, e todas as pessoas pareciam fazer parte de alguma coisa, e você não se sentia parte de nada, e o ódio por você ia crescendo por não se entender.E quando tudo está ruim demais, aparece alguém pra te mostrar que você pode ser feliz, mas rapidamente você aprende que felicidade passa muito rápido e que a dor fica, e as pessoas vão embora, e que elas não se importam com você . Novamente aquela sombra cai sobre sua cabeça e as coisas parecem não fazer sentido, mas aí outra pessoa aparece, e você pensa, é agora, acabou ... mas não , o seu coração é esmagado, Um pedaço do seu lado bom morre, e fica difícil enxergar as pessoas como algo mais do que instrumentos pra te machucar. Mas é claro que existem seus amigos, e se não fosse por eles tudo já teria acabado, com certeza. Você simplesmente esquece o que é confiar nas pessoas e nem aqueles que você considera seus amigos podem saber do seu segredo, que você não é como eles, você se parece com eles mas tem alguma coisa errada com você, defeito de fábrica, e que o mundo que eles vêem não é o mundo que você vê, e as cores que eles vêem não são as cores que você vê, mas você engana muito bem, e só uma vez ou outra, quando você está entorpecido pela bebida,a bebida q deixa as coisas menos difíceis pra você, e você perde o controle, é que eles podem ver nos seus olhos que tem algo errado com você, que você não pertence junto à eles, mas a bebedeira passa, a loucura passa e todos esquecem. E de repente aparece alguém com quem você sente que pode ser diferente, mas aí você já não consegue mais ser como antes, e leva tempo, e é doloroso até você realmente conhecer essa pessoa, até achar que pode realmente confiar nessa pessoa. É fácil desaprender a sentir, mas fazer o caminho inverso,porra... isso é difícil pra caralho, e dói, mas essa pessoa faz você se sentir como alguém normal, e isso é importante demais.E depois de um tempo você volta a acreditar naquela mentira que te contaram e talvez seja melhor assim, talvez só se possa ser feliz se você acreditar que pode.

quarta-feira, agosto 16, 2006

É necessário insanidade para encontrar conforto no inferno
Carregue o que você tem de mais frio contigo
E talvez o fogo não queime tanto assim...

terça-feira, agosto 15, 2006

A EXPERIÊNCIA II

O estranho abriu a porta, aquele cheiro de mofo e ar estagnado encheu suas narinas e penetrou lentamente em seus pulmões, adorava aquele cheiro. Sabia que já esteve naquele lugar, havia algo naquelas velhas paredes que não lhe era estranho, a camada de poeira no chão denotava que há muito tempo ninguém entrava ali. As janelas estavam travadas por tábuas de uma madeira vagabunda, o descuido com que o trabalho foi feito tornava impossível distinguir se aquilo estava ali para manter alguém do lado de fora, ou se estava destinado a manter alguém do lado de dentro. Olhou para a chave em sua mão, a mulher disse que o que ele procurava estava ali, ela olhou para ele como se o conhecesse, aquilo o irritou. Por um momento sentiu-se culpado por ter tirado sua vida, mas alguma coisa lhe dizia que ele nunca foi um homem de "momentos", a morte dela lhe livrou das vozes, e isso lhe bastava. Entrou em um dos cômodos, era um quarto pequeno, de teto baixo, paredes sujas, algo parecido com sangue seco. Imediatamente uma chuva de memórias invadiu sua mente, sangue, o som do rádio tocando uma música conhecida,um homem grande e forte, uma mulher chorando, duas crianças no chão, ele era uma dessas crianças? Como que por instinto moveu-se até um dos cantos do quarto, pisou com força em uma tábua falsa que quebrou imediatamente. De dentro do vão formado no chão retirou uma caixa de metal, talvez a caixa tivesse sido uma merendeira um dia, aquilo lhe pertencia, ele tinha certeza. Alguém acendeu um cigarro atrás dele, tudo escureceu, estava caído no chão agora, sua cabeça sangrava...

quarta-feira, agosto 09, 2006

"He who desires, suffers;
he who lives, desires;
thus,life is pain..."

A.Shoppenhauer (1788-1860)