quinta-feira, setembro 17, 2009

"Viver com uma imensa e orgulhosa calma; sempre além. - Ter e não ter espontaneamente nossos afetos, nosso pró e contra, condescender durante horas com eles;montá-los como cavalos, frequentemente como asnos: - precisamos saber utilizar sua estupidez tão bem como seu fogo. Conservar suas trezentas fachadas; e também os óculos escuros: pois existem casos em que ninguém nos deve olhar nos olhos, menos ainda no 'fundo'. E escolher como companhia esse vício velhaco e jovial, a cortesia. E continuar senhores de nossas quatro virtudes: coragem, perspicácia, simpatia, solidão. Pois a solidão é conosco uma virtude, enquanto sublime pendor e ímpeto para o asseio, que percebe como no contato entre as pessoas - 'em sociedade'- as coisas se dão inevitavelmente sujas. Toda comunidade torna, de algum modo, alguma vez, em algum lugar - comum, vulgar."
Nietzsche, Além do bem e do mal

quinta-feira, setembro 10, 2009

She-Wolf




Arranquei teus olhos, pois não me agradava a maneira como me encaravam, coloquei-os de frente ao espelho, um reflexo amaldiçoado aguardando por lágrimas que nunca virão.
Congelei suas mãos, sempre me pareceram frias e condescendentes ao me tocar, nunca foram capazes de um gesto de carinho, agora ocupam um lugar na geladeira, ao lado de teus pés que nunca o levaram a nenhum lugar.
Queimei tuas orelhas, eram feias, muito feias, e sempre ousavam escutar mais do que deviam, sempre atentas, sempre a me espionar.
Dei teu cérebro aos cães, pois teus neurônios e sinapses nunca trabalharam em teu benefício, a mim tu sempre mostraste teu lado irracional, bem lhe serve, agora no fim, virar ração de um animal.
Teu sexo comi, canela , alho, cebola, páprica, pimenta, em nossa primeira vez me disseste para provar, agora em nossa última vez posso dizer que estou satisfeita
Teus lábios não fui capaz de tocar.Teus beijos sempre me fizeram viajar,me aqueceram, me fizeram sentir como um animal, não, teus lábios não pude tocar, vejo-os todos os dias ressecados e negros, mas eles continuam lá.