segunda-feira, agosto 28, 2006




















ABERRAÇÃO

Na velhice automática e na infância,
(Hoje, ontem, amanhã e em qualquer era)
Minha hibridez é a súmula sincera
Das defectividades da Substância.

Criando na alma a estesia abstrusa da ânsia,
Como Belerofonte com a Quimera
Mato o ideal; cresto o sonho; achato a esfera
E acho odor de cadáver na fragrância!

Chamo-me Aberração. Minha alma é um misto
De anomalias lúgubres. Existo
Como o cancro, a exigir que os sãos enfermem...

Teço a infâmia; urdo o crime; engendro o iodo
E nas mudanças do Universo todo
Deixo inscrita a memória do meu gérmen!

Augusto dos Anjos
Mais foda impossível, quem nunca se sentiu uma aberração, um monstro, capaz de realizar as coisas mais abomináveis? Quem nunca se olhou de frente no espelho e viu algo que incomodava, lá no fundo do olho, uma pequena, ou não tão pequena, manchinha na alma?Quem nunca teve vontade de arrancar essa máscara de carne e expor o que existe de verdade lá dentro? "Quem?" você me pergunta... essa massa amorfa conhecida como "a maioria".

1 Comments:

Blogger Tykhe said...

Suas imagens sempre são as mais iradas e Augusto dos Anjos é foda, simplesmente foda.
Eis uma excelente razão pra se gostar de você, meu estranho... você nunca poderia ser incluso em maioria alguma. E o mundo já está por demais cheio "deles".
=o***

11:43 PM  

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