Mein Kampf


Amou minha sombra
encontrou refúgio no meu mal
sofreu com minha morte
não havia ninguém para julgar sua dor
ninguém para roubar sua sorte


Enfim, esta é a luta
conhecer a sombra
amar seu mal
aprender com sua dor
sempre procurar a morte
a morte que para quem vive como guerreiro poeta,
samurai, pária sem rumo, ronin, ou asceta
é como uma expressão do norte


E quem com coragem segue seu norte
quem com integridade, ou sem ela, segue a chama
renegando o que alguns poderiam chamar de fama
nunca pode temer caminhar sem a sorte

Três dias de visita medica, mais plantão no domingo do feriadão, tem horas q a ralação enche o saco...

"tomorrow will take us away, far from home, no one will ever know our names, but the bard`s song will remain"

Música foda, lembro do show no canecão todo mundo cantando junto, não tem como fugir, i`m a medieval man. Quando voltar pra civilização preciso assistir a algum show...

Outros caras-pintadas

Nós vivemos uma vida muito alienada, crescemos, nos divertimos, estudamos , trabalhamos, criamos nossos filhos na cidade, e somos capazes de passar por uma vida inteira, medíocre, mas inteira, sem nos darmos conta de que existem pessoas no país que trabalham sete dias por semana, marchando, treinando, ficando longe da família, de casa, de seu conforto, apenas para estar preparado para defender esse estilo de vida despreocupado e burguês.E ainda têm que aturar uma juventude que nunca conheceu sofrimento , nem segurou um fuzil, falando em luta armada, discutindo a revolução tomando uísque e fumando maconha,cuspindo em suas faces e os chamando de canalhas por crimes e excessos cometidos em uma geração anterior. O jovem burguês despreza o exército e foge do serviço militar, mas adora sua vidinha confortável na democracia. Após passar um ano aqui não tenho certeza se virei a ser militar de carreira, mas aprendi a ter mais respeito por essas pessoas, principalmente esses loucos que estão aqui no Brasil esquecido.

ON THE ROAD

Maria dirigia seu Audi pelas curvas em direção à serra, o anjo parecia incomodado, não gostava de andar de carro, gostava dos filmes na tevê onde as perseguições em alta velocidade eram o grande show, mas havia algo nessas máquinas que o incomodava. Maria não conseguia esconder um sorriso maldoso ao perceber o desconforto do anjo e acelerava um pouco mais só para vê-lo se contorcer um pouco. “Então ele tem sentimentos”- ela pensava.

Maria decidiu quebrar um pouco o gelo, o anjo não havia falado nada desde que fugiram de seu apartamento horas antes, e ela não conseguia ficar muito tempo sem falar, o silêncio a incomodava, abaixou o rádio:
-E então, me diga , como é ser uma criatura celestial?
O anjo a olhou com desdém: “é nunca questionar sua missão, viver com um único propósito, desviar do caminho é se unir ao inimigo.” Parecia recitar um ensinamento militar.
-Não existe meio-termo para criaturas como nós,Maria, essa é a beleza de vocês humanos,não percebe que vocês têm tudo?
-Mas e todo o sofrimento que existe no mundo?
-Não seja ingênua, Maria Eduarda, é tudo obra de vocês, o perigo de se ter escolhas são aqueles que escolhem a si mesmos antes de tudo, um de vocês tentou mostrar o que é verdadeiro sacrifício, mas me parece que seus ensinamentos morreram com ele...
-Mas ele não era um celestial como vocês?
-O Nazareno? não que eu saiba...
-Mas...ele era o filho de Deus...
-E você o que é Maria?

Ela agora começava a entender...

CRUZ DE SANGUE

Vejo no jornal uma reportagem sobre um ladrão que devolveu o fruto de seu roubo, uma peça de arte sacra, a coroa de um santo folheada a ouro, o ladrão devolveu a peça depois de 40 anos pois se sentia culpado pelo que fez.

De onde veio todo este ouro que ornamenta essas igrejas? é ouro lavado no sangue de escravos, fruto da crueldade, tesouro criado a partir do sofrimento que esses hipócritas colocam em seus templos para embelezar suas mentiras, hipocrisia, muita hipocrisia. O último cristão morreu na cruz, como dizia o filósofo.

Derreta o ouro, divida a terra, venda suas ações, dê aos necessitados o que vier disto,talvez assim ainda haja salvação.A igreja católica da maneira que existe, hoje e sempre, é uma piada e um paradoxo.

"If I walk against the wind, torn up within, will it pay off?"

Uma mágoa e uma cultura

Vivendo aqui nos confins da selva, trabalhando num hospital que atende todo tipo de gente, acabei por adquirir uma aversão pelo conceito do indígena, não me entendam mal, apesar dos pesares sempre fui uma pessoa muito mais tolerante do que a média, mas deixem me explicar: coloquemos duas situações, em uma um trabalhador é atropelado por uma moto, sofre um TCE e precisa de remoção imediata para Manaus, em outra um índio, trabalhador ou não sofre a mesma situação, o que acontece? O índio é transferido no dia seguinte, o civil morre na maca. Noutra situação um índio necessita de uma medicação caríssima, como um interferon para hepatite B, e uma criança civil necessita da mesma medicação, advinha quem consegue o remédio? Não estou fazendo suposições, é o que vejo todos os dias. Isto me enfurece profundamente, meu pai sempre me ensinou desde pequeno "meu filho, o ser humano é tudo a mesma merda" e eu levo isto para a minha vida, me incomoda aceitar que uma certa etnia tem mais vantagens do que outra, simplesmente por ser desta etnia.

As crianças na comunidade indígena são tão mal-tratadas, que me surpreende que mais da metade consiga chegar à idade adulta. Mais de uma vez recebemos crianças em estado deplorável, crianças com desnutrição e sepse grave fora da nossa possibilidade de tratamento, é claro que na população civil há isso também, mas na comunidade indígena isto é muito mais comum. Parece que culturalmente eles esperam que as crianças sejam capazes de se cuidar sozinhas, atitude que a nossa sociedade já aboliu há mais de um século.

Sou uma pessoa de pensamentos radicais, se dependesse de mim, a cultura indígena, da maneira que existe hoje, deveria ser extinta. A lei brasileira deveria valer para todos, assim como a declaração de direitos humanos e o estatuto da criança e do adolescente. Dizer que eles têm o direito de tratar as crianças da maneira que tratam é como dizer que está correta a castração clitoriana em mulheres do oriente médio.

Nós brasileiros, por meio da mídia e até historicamente temos essa idéia absurda do "bom selvagem", me corrigindo, nós brasileiros do sul-sudeste que não convivemos com populações indígenas temos essa idéia. Vamos escolarizar todos os índios, colocar sua cultura oral em livros em museus e bibliotecas, ensiná-los a lavar a mão e os alimentos, a tratar crianças como crianças, oferecer saneamento básico e água filtrada(para todos os brasileiros tbm), cobrar impostos, e chamá-los de iguais.

É do meu entendimento que a miscigenação é a chave para isso, sem índios ou homens brancos, somente brasileiros.