Fim de semana de trabalho, sem descanso para os amaldiçoados...

INNERSPACE

Na minha família corre uma maldição, não uma daquelas em que a bruxa com a verruga no nariz aponta pro pobre príncipe e este se transforma numa criatura bizarra , nem uma maldição daquelas em que o cigano cospe no chão e acaba com dez gerações do infeliz de uma vez. A nossa é mais sutil, metade da minha geração na minha família teve que lidar com a loucura em algum momento,lutar com a loucura seria mais correto. Geralmente ela vem na adolescência, por vezes se vai sem deixar rastros, por vezes se mantém como aquela voz lá no fundo da cabeça que nos deixa acordados à noite. Meu irmão quando mais novo teve um surto desses, quase esquizofrênico, e isso se repetiu uma ou outra vez depois de mais velho, meu primo é um psicótico de carteirinha, devidamente controlado com sua medicação miraculosa. Tive minhas brigas com ele quando ele estava surtado, mas não há mágoas, minha prima é uma histriônica com surtos de violência e depressão que nem freud explica. Partindo para primos mais distantes mais loucura, mais esquizofrenia, eu tive que lidar com meus demônios quando era adolescente, e quase afundo na depressão, mas acabei resistindo, aos trancos e barrancos e hoje eu consigo enganar e passar como normal, mas as vezes aquele ruído e aquela pressão na cabeça voltam e eu acho q vou surtar. Volta e meia eu penso no meu avô, o louco que se matou e penso o quanto eu posso ser parecido com ele, o demônio da família, e o quanto eu preciso me controlar pra não ser. Por enquanto acho que estou conseguindo.

Whatever demons torture me, i love them like a friend. Nothing lasts forever, but the certainty of change.

Dia de afogar a saudade na cerveja...mas ela não morre.
Espero q a distância não estrague a melhor coisa que já tive...mas hoje eu sei que fiz a coisa certa.
E o mundo continua a girar