A EXPERIÊNCIA III

Acordou de repente.Lá fora cães vadios latiam alto, fazendo a latência em sua cabeça aumentar. Estava amarrado a uma cadeira, sangue seco e com gosto metálico estava por toda sua face, havia se urinado sem perceber. Em pé à sua frente estava um homem alto ,um rosto bonito e sem cicatrizes, cabelos bem penteados para trás com mais gel do que qualquer pessoa poderia precisar. Estava vestido elegantemente, com um blazer e sapatos bicolores, ele não conseguia parar de pensar nisso "sapatos bicolores,sapatos bicolores", uma voz ecoou no fundo de sua cabeça, talvez estivesse perdendo a razão novamente. O homem fumava um cigarro sem pressa, e tinha mãos delicadas, como um pianista, mas nenhuma dessas coisas era o que mais lhe chamava a atenção neste homem, nem os sapatos bicolores,nem o cabelo perfeito... este homem era sua cópia perfeita. Se não tivesse passado tanto tempo se embebedando e se machucando seriamente em brigas de bar provavelmente seriam exatamente iguais, cópias perfeitas. Um frio lhe subiu pela espinha e no mesmo momento imagens de sua infância explodiram em sua cabeça,a dor, a humilhação, o medo. "Um irmão gêmeo?"-pensou, não conseguia se lembrar, havia mais alguém, sim, mas não conseguia se lembrar. O homem olhou bem nos sus olhos, e falou bem devagar com uma voz aveludada, muito diferente da sua:"É irmãozinho, achou que eu não fosse te achar, né? É hora de acertar as contas".