segunda-feira, julho 22, 2013

Alzheimer

Lembro que quando era menor queria ser veterinário, arqueólogo, mas acabei como médico. Lembro de um dia bebendo na madrugada como era de praxe, no posto, com o resto dos headbangers, quando uma mulher foi jogada de um carro em movimento e bateu com a cabeça. Fomos correndo, ficamos com ela até os bombeiros chegarem, enquanto ela chocava, e nós não sabíamos o que fazer, foi muito ruim. Lembro da reação da minha mãe ao ver minha jaqueta coberta de sangue, me enxergando como um marginal, ela não sabia que eu havia usado a jaqueta para cobrir a mulher, que sentia muito frio. A história bonitinha é que eu queria ser médico para ajudar as pessoas, a história pessoal é que eu queria ser médico pra nunca mais ter que me sentir daquele jeito, impotente novamente. Acabei como pediatra, nunca suportei adultos que se recusavam a se tratar, mas procuravam atendimento mesmo assim, as crianças não tem opção, então creio que foi uma opção derivada da minha veia autoritária ( também adoro crianças mas deixa pra lá). Existe verdadeiro poder no conhecimento, e ele é capaz de te transformar, eles podem te tirar a sua casa, sua família, seu emprego, podem roubar a sua dignidade todos os dias, mas ninguém pode roubar o seu conhecimento de você...só o Alzheimer.

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