sexta-feira, dezembro 23, 2011

O Fim



A morte não é o fim.
Essa é uma expressão de fé, há de se acreditar em alguma coisa pra se dizer uma frase dessas. Acredito nisso, e isso me traz conforto, essa é a função da fé, desacreditar que no fim encontraremos o nada, desacreditar que como dizia um livro de RPG que eu li: "no fim todos os seus esforços serão em vão".
A morte pode ser muitas coisas, pode ser trágica, injusta, cruel, mas também pode ser um alívio aguardado, o fim da dor, do terror, da impotência. Já escrevi aqui uma vez, reveja os mitos do terror, a imortalidade nunca é uma benção, é uma maldição, vem sempre acompanhada de um preço caro demais pra se pagar, não estou falando dos vampirinhos purpurinados do crepúsculo, e sim dos mitos que fazem as criancinhas se mijarem à noite.
Ainda lembro do quanto eu chorei descontroladamente no enterro da minha avó, a velhinha que eu amava e odiava tanto, lembro que logo que olhei pro seu cadáver a primeira sensação que eu tive foi de que ela não estava mais ali, naquela casca inchada, que seu espírito, aquilo que fazia ela brilhar, tinha ido pra outro lugar. Então chorei de saudade, lembro que uma amiga dela me disse: "Ela está no vento", e aquilo me confortou.
Minhas palavras soam brutas pra quem não crê em nada, minha noção e minha percepção da morte são só minhas, então eu me calo, frio, insensível, foda-se, eu sou o que eu sou. Einstein estabeleceu a relação entre a matéria e a energia, o universo é frio e no espaço ninguém pode ouvi-lo gritar, mas toda a matéria está em transformação, a energia é transferida, os átomos formam outros elementos, o carbono da matéria morta se torna combustível da matéria viva, e tudo está ligado. O fim não existe.

1 Comments:

Anonymous Samy said...

Foi uma das coisas mais lindas que ja li.e incrível como me identifiquei com o blog vc nem tem noção como me sinto bem sabendo q ñ sou a unica q penso assim

4:27 PM  

Postar um comentário

<< Home