quinta-feira, agosto 30, 2007

Som alto, luzes piscando, dezenas de pessoas na pista dançando freneticamente, sem perceber que esbarravam em estranhos e em conhecidos sem distinção. O anjo estava no bar, bebia sua cerveja como se não fizesse parte daquele mundo, no telão o jogo estava esquentando, flamengo e botafogo, algumas poucas pessoas prestavam atenção, a maioria estava ali pela caça, ninfetas com decotes indecentes e pele bronzeada dançavam como se o mundo fosse acabar, Maria Eduarda era uma delas. O anjo se lembrou da Babilônia, "Eles não mudam"-pensou. Maria já ligeiramente alcoolizada cambaleou até o banheiro, uma sombra a seguiu. "O que diabos eles estão fazendo aqui?"- o anjo se perguntou e correu atrás, ou melhor, tentou correr, mas diante do mar de gente só lhe restava retirar os pobres humanos da frente, a maioria nem viu o que lhes atingiu, ele era rápido demais, duas confusões estouraram, ninguém gosta de ser derrubado numa boate. Os mais esquentadinhos quiseram ir à forra e em segundos o lugar se transformou num inferno. Dentro do banheiro Maria Eduarda tentava se equilibrar, era difícil vomitar sem sujar seu cabelo. Antes que pudesse perceber sentiu suas mechas louras serem puxadas por trás, era o homem mais feio que já havia visto, um metro e noventa de músculos e maldade

"Relaxa que você não vai sentir nada, é impressionante como um pescoço humano se quebra com facilidade, gracinha."

- ela gelou, a descarga de adrenalina acabou com seu porre na hora. O anjo havia chegado à tempo, o maldito daemon ainda não havia feito o seu trabalho, eles gostavam de aproveitar a tortura psicológica de suas vítimas antes de acabar com elas. O anjo não pensou duas vezes , uma cotovelada na nuca mandou o gigante cambaleando até um vaso sanitário, a joelhada nas costas o deixou de joelhos, o anjo meteu a cabeça do gigante no vaso, ele era forte, mas o anjo já havia feito isso antes e sabia como segurá-lo. Uma convulsão, duas convulsões, morte.

Maria Eduarda estava sentada num canto, chorava como uma criança, lá fora o caos reinava.
O anjo se aproximou:

"Você? eu me lembro de você"- ela disse

"Shhh, eu vou te levar pra casa, Maria"- sua voz era irresistível

Aqueles que estavam realmente muito, muito bêbados na boate podiam jurar no dia seguinte que viram um anjo passar no meio da confusão, com asas tão grandes que protegiam alguém enquanto ele passava...