segunda-feira, maio 07, 2007

"MEU NOME É ENÉAS"

Uma homenagem ao doutor Enéas Ferreira Carneiro, político e médico notável, formado pela Escola de Medicina e Cirurgia, minha escola.
Sou a favor da utilização das células tronco embrionárias para pesquisas, e a favor do aborto de bebês anencéfalos, mas o Dr.Enéas não. Ele fez um discurso na câmara que eu achei fantástico e vou postar ele aqui, uma opinião contrária à minha mas que merece ser mostrada, visto que a televisão(TV Globo) insiste em mostrar só um lado da discussão, segue também a biografia dele.




CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Sessão: 223.2.52.O Hora: 20:28 Fase: OD Orador: ENÉAS, PRONA-SP Data: 20/10/2004

O SR. ENÉAS (PRONA-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, com a permissão de V.Exa., vou usar os 5 minutos a que tenho direito.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que a questão é controversa, eu sei. Mas aquilo para que é preciso existir um alerta é para um processo desumano que vem crescendo em todo o planeta. Ninguém é dono da vida de ninguém. Com todo o respeito às senhoras, tenho três filhas e estou falando como médico. Ninguém é dono da vida de ninguém.O concepto, desde o momento da fecundação, da beleza que representa do ato genésico, é uma vida.Depois que houve a meiose, a partir daquele instante, quando o ovócito, segundo a ordem, se uniu ao espermatozóide, há um novo ser, que prescinde completamente daquilo que a senhora gestante pensa. Até o tipo sangüíneo é diferente. Aquilo é uma nova vida.É absolutamente destituído de qualquer fundamento o argumento de que -- como já ouvi muitas vezes de pessoas absolutamente destituídas de preparo -- o corpo é da mulher, ela tem o direito de decidir. Isso é absolutamente falso, isso é absolutamente mentiroso, isso é absolutamente cínico, chega a ser até algo próximo de eugenia, muito, muito, muito a favor de teses que ainda medram no espírito de muita gente, cuja tese ideal é de que o mundo seja feito de pessoas perfeitas, que não haja deficientes físicos, que seja o nosso planeta constituído de uma população de arianos. Isso é uma beleza, para quem pensa assim.Mas estudei, aprendi e tenho o direito de defender esta tese: o indivíduo gerado é um novo ser, nada dá o direito de eliminar essa vida. E para os que falam em anencefalia, é bom que se lembre a esses senhores -- alguns com diploma de médico também -- que, até o momento de nascer, aquela criatura está viva. Ela vai morrer, mas ninguém sabe exatamente o momento. E, dentre nós, quem sabe quando vai morrer? Quem tem a pretensa veleidade de dizer que sabe quando vai desaparecer, se é absolutamente impossível, de maneira científica? E como médico, muitas vezes fui inquirido sobre isso: quando vou morrer? Resposta: ninguém sabe. Que direito tem um cidadão, porque é médico, de decretar a morte daquele ser? Nenhum.

Estou falando aqui não em tese espiritual, estou falando em tese científica. E já um colega ilustre ali me disse: espiritualmente, sou contra isso. Não estou defendendo nenhuma tese espiritual, estou dizendo que, mesmo quando o Código Penal defende o estupro, ali há um erro, que mais à frente será corrigido, porque se houve o estupro, e a mulher está absolutamente violentada - e podia ser uma filha minha - eu digo que o ser que está ali não tem nada a ver com ela. Aquele ser que ali está é um ser vivo da espécie humana, que tem que ser defendido pelos congressos, pelas Casas Legislativas, pelo Poder Executivo e, fundamentalmente, pelo Judiciário, que se manifestou de maneira sábia agora.Quero encerrar dizendo para os senhores que o processo de permissão do aborto caminha junto com uma série de outras teses absolutamente destituídas de fundamento humanista, no sentido de que a população do nosso planeta seja constituída de seres privilegiados. Essa é que é a tese verdadeira! É assim que Malthus está renascendo É verdade, o neomalthuisianismo aí está, querendo que a sociedade seja feita de seres ideais. Agora, pergunto: ideais à imagem de quem? Quem é que tem coragem de dizer o que é o ideal? Será o ideal a tese expendida por Adolf Hitler? Será o ideal a tese de Mussolini? O que é o ideal? A miscigenação é um crime, nesses termos apenas.Levantei-me, sou de usar pouco o microfone, Sr. Presidente, raras vezes me manifesto, mas mais uma vez percebi que é hora de falar. E se a questão é preparo, eu o tenho; se a questão é diploma de médico, eu o tenho; se a questão é ensinar Medicina, faço isso há 30 anos.

Sei exatamente o que estou dizendo. E o recado para os brasileiros é: Cuidado! Que leis semelhantes a essa, ou proposição aqui apresentada, que teses nesse sentido -- e deixo registrados meus aplausos ao Supremo Tribunal Federal -- sejam coibidas, e que possamos, isso sim, caminhar em busca de uma sociedade solidária, em que o respeito à vida seja fundamental, de uma sociedade em que todos se respeitem, independentemente de origem, raça, religião ou qualquer outro tipo de convicção.Quero deixar bem claro que não tenho nada contra ninguém em particular, estou apenas defendendo o direito mais importante de todos: o direito à vida.Muito obrigado, senhores. (Palmas.)*

*eu assisti a este discurso e ele foi muito vaiado tbm.

http://www.providaanapolis.org.br/eneavida.htm


BIOGRAFIA

Enéas Ferreira Carneiro (Rio Branco, 5 de novembro de 1938 — Rio de Janeiro, 6 de maio de 2007) foi um político e médico cardiologista brasileiro. Como político, fundou o Partido da Reedificação da Ordem Nacional, o PRONA, foi três vezes candidato à Presidência da República e, em 2002, foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, recebendo votação recorde de mais de 1,57 milhão de votos.
Personalidade contrastante no folclore brasileiro, Enéas perdeu os pais aos nove anos de idade, sendo obrigado a trabalhar para sustentar seus irmãos. Em 1958 abandonou a vida humilde no estado do Acre para iniciar seus estudos no Rio de Janeiro. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesia. Em 1965 formou-se em Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, com especialidade em Cardiologia. O livro didático dele sobre eletrocardiograma fez tanto sucesso entre os alunos de medicina que era conhecido como A Bíblia do Enéas. A produção acadêmica de Enéas, entretanto, não se restringe à medicina, e ele é autor de artigos sobre diversos assuntos, desde Cardiologia, até Filosofia, Lógica e Robótica. Em 1980 foi diplomado como médico do Hospital do Câncer do Rio de Janeiro.
Enéas fundou, em 1989, o Prona, lançando-se imediatamente candidato à Presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da Ditadura Militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de apenas dezessete segundos. Todavia, sua imagem exótica (um homem pequeno, calvo, com enorme barba cerrada e grandes óculos), aliada a uma fala rápida e discurso inflamado e ultranacionalista (terminado sempre por seu indefectível bordão: "Meu nome é Enéas"), fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos, colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Quinta sinfonia de Beethoven.
Percebendo a penetração de sua imagem junto ao eleitorado, Enéas voltou a se candidatar em 1994, dispondo então de um minuto e 17 segundos no horário eleitoral. Mesmo sendo o Prona um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola, do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, e do ex-governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, com mais de 4,6 milhões de votos (7%).
Em 1998, com um minuto e 40 segundos disponíveis no horário eleitoral, Enéas expôs seu discurso nacionalista como nunca havia feito antes. Suas ideias, entretanto, como a construção da bomba atômica, a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro e a ampliação do efetivo militar, consideradas polêmicas, passaram a ser usadas como arma política para deter sua crescente popularidade. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado.
Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, sem muito sucesso, embora tenha conseguido reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz. Em 2002 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo. Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais três deputados federais (mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos). Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas. Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.
Enéas Carneiro apresentava-se como um político nacionalista e radicalmente contrário ao aborto e à união civil de pessoas do mesmo sexo. Alguns críticos o associavam como um novo ícone do Movimento Integralista. Analistas enxergam Enéas como um fruto da democracia moderna, alegando que sua imagem excêntrica e seu bordão ("Meu nome é Enéas") se sobrepõem ao seu discurso hermético e intelectualizado frente às classes mais pobres da sociedade brasileira. De uma forma ou de outra, é um dos políticos mais populares do Brasil.
No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia, que fizeram com que perdesse sua folclórica barba. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistira de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas, 5656!". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386 905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no estado.
Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o Prona, se funde com o PL e então é fundado um novo partido, o Partido da República.
Vítima de leucemia, Enéas realizou tratamento quimioterápico em um hospital. Quando percebeu que o seu tratamento já não apresentava resultados, resolveu ir para casa, onde permaneceu até a sua morte. Enéas Carneiro faleceu aproximadamente às 14 horas do dia 6 de maio de 2007, no bairro das Laranjeiras, zona sul do Rio. Seu corpo foi velado no Memorial do Carmo e cremado, no dia 7 de maio, no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio.
(Retirado da Wikipédia)

VEJA TAMBÉM:

Enéas Ferreira Carneiro do Prona - Sábado Especial - Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=n01qL8pEkZI&mode=related&search=

Enéas Ferreira Carneiro do Prona - Sábado Especial - Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=xeYT7IIaa8Y&mode=related&search=

Enéas Ferreira Carneiro do Prona - Sábado Especial - Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=7Y9Si-kmWvY&mode=related&search=

Enéas Ferreira Carneiro do Prona - Sábado Especial - Parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=pdr68vTpIJM&mode=related&search=

Enéas Ferreira Carneiro do Prona - Sábado Especial - Parte 5
http://www.youtube.com/watch?v=tsfKj93v7X0&mode=related&search=

1 Comments:

Blogger Tykhe said...

No VIII Encontro de Bioética do CREMERJ, Dr. Enéas foi citado.
Ele só conseguiu morrer porque foi pra casa, disseram.
"Depois dos avanços médico-científicos do século XX, viver ficou mais fácil e morrer ficou mais difícil", disse o American Institute of Medicine, USA, 1999.
Eis que um anestesista revolucionário da platéia pega o microfone para participar do debate:
"Sou Fulano de Tal, anestesista há 25 anos, e é exatamente por causa dessa citação daí que eu sou a favor da ortotanásia, da eutanásia e de todas essas coisas..."
"Meu Deus do céu!" - diz a médica sentada atrás de mim - "Que perigo esse homem solto por aí!".
uAHuahUHAuahUHAuahUAHuha
Eu me divirto nos congressos médicos...
:)

10:56 PM  

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